A INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONCEPÇÕES E AÇÕES: ENTREVISTA COM LOURENÇO DO ROSÁRIO

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Confira a entrevista com o Professor Doutor Lourenço do Rosário, Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique e Presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, que irá palestrar no “ Colóquio Internacional A Internacionalização da Língua Portuguesa: Concepções e Ações“, que acontece de 06 a 08 de março de 2013, em Florianópolis, Santa Catarina. Mais informações, clique aqui.

Por Márcia Cardoso*.

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Depois de ter conseguido que o português garantisse a unidade do país, o senhor falou, por ocasião do Colóquio a Diversidade Linguística nos Países da CPLP promovido pelo IILP, que agora Moçambique está no momento de capitalizar as línguas nativas. De que forma isso vem acontecendo?

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As estatísticas têm demonstrado que cerca de 15% dos moçambicanos têm o Português como língua materna. Por outro lado, Moçambique possui mais de 33 línguas e dialectos que compõem o mosaico etnolinguístico da nação moçambicana. O Português é a língua oficial, língua do Estado, do ensino, das relações externas, do direito e da ciência. Mas a identidade cultural da maior parte do povo moçambicano continua a ser expressa nas línguas africanas. Por isso, tal como foi concluído na Cimeira de Maputo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa- IILP sobre a diversidade linguística dos países da CPLP, nenhum estado multilíngue pode desenvolver as suas políticas de afirmação, desenvolvimento e de soberania, pondo de lado a própria realidade linguística. Por outro lado, pertencendo Moçambique à CPLP e, por consequência, essa mesma CPLP e os seus diversos organismos devem ter em conta a realidade de países como Moçambique, Angola, Guiné Bissau e Timor Leste, que são multilíngues, e até mesmo os casos de cabo verde e São Tomé e Príncipe, onde o português coexiste com o crioulo.

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Para o senhor qual seria a importância da língua portuguesa como fator de afirmação e de desenvolvimento internacional dos países da CPLP?

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A Língua Portuguesa beneficia positivamente da sua presença nos pontos mais dispersos do planeta. Beneficia igualmente, pelo facto de ter países como o Brasil na América Latina, Portugal na União Europeia, Angola e Moçambique em África, pertencendo esses países a diversas organizações internacionais.

Além disso, a importância geo-política e económica do Brasil, Angola e Moçambique neste momento, representam ganhos adicionais para a língua oficial desses países.

Assim, o a língua portuguesa ganha cada vez maiores contornos na conjuntura internacional, pelo facto do peso específico dos países que a falam. O Português é hoje língua oficial nos fora internacionais porque os países que o falam assim o impuseram.

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Qual o papel que as universidades e institutos de língua portuguesa poderiam assumir aproveitando a crescente importância do português no mundo?

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O problema das nossas universidades resulta do facto de não se ter consolidado ainda o relacionamento em rede que lhes daria uma maior visibilidade. Há o surgimento da AULP, há igualmente o nascimento da UNILAB. Contudo, grande peso, como a USP, Universidade de Coimbra e outras, não assumiram ainda a importância de se unirem em rede necessária , de modo a potenciar o impacto das nossas universidades de língua portuguesa. Assim, oportunidades diversas têm sido perdidas para que as universidades possam jogar um papel importante para a afirmação do Português no mundo.

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À exceção de Portugal e Brasil, que já possuem um Vocabulário Ortográfico seis países da CPLP estão  preparando os seus Vocabulários Ortográficos Nacionais (VONs) que servirão para a constituição do projeto do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) , que está sendo organizado pelo IILP. Como está o andamento do VON de Moçambique para a entrada neste inovador projeto?

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Moçambique tem sido um dos países africanos que mais fortemente se têm empenhado na problemática do Acordo Ortográfico e, por consequência, na definição Vocabulário Ortográfico Nacional – VON. Moçambique bateu-se para que os Vocabulários Ortográficos do Brasil- VOB e de Portugal- VOP não se tornassem no vocabulário de todos, isto é, no vocabulário comum.

Neste momento, sem fundos suficientes, Moçambique, tem vindo a desenvolver o trabalho de sistematização do Vocabulário Ortográfico Nacional ( VORT) e já vai em 75% daquilo que considera a sua contribuição para o Vocabulário Ortográfico Comum. Até a Cimeira de 2014 em Díli, esperamos que Moçambique tenha concluído o seu trabalho.

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O senhor é o Presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, criado em 1988, em Moçambique. O que é o Fundo e quais são suas ações para a difusão da língua portuguesa?

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O Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa- FBLP foi efectivamente criado em 1988, coincidindo com a criação do IILP e visava fundamentalmente relações bilaterais entre Portugal e Moçambique, na área da gestão de políticas da língua e da leitura em língua portuguesa. Em 1990 o FBLP foi transformado em instituição dos 5 Países de Língua Oficial Portuguesa- PALOP e persegue os mesmos objectivos para os quais foi criado inicialmente, em cada um desses países. Contudo, na vertente nacional, o FBLP potencia as políticas públicas na área das bibliotecas públicas, da formação de gestores em ciências documentais, na promoção do livro e da leitura, trabalhando em estreita colaboração com o governo, tentando optimizar o programa do governo na educação, na cultura e na administração pública.



* Assessora de  Comunicação Digital do IILP.

Sobre O IILP

Objetivos fundamentais: a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da língua portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e de utilização oficial em fóruns internacionais
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2 respostas a A INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONCEPÇÕES E AÇÕES: ENTREVISTA COM LOURENÇO DO ROSÁRIO

  1. jose Pacanate Jojo diz:

    Este artigo e extremamente importante para os mocambicanos em particular de modo a verificarem a importancia da linhua portuguesa no nosso belo Mocambique

  2. Edson Isaias Mapsanganhe diz:

    O artigo é de suma importância, visto estar nele marcado a cultura, ligação identitária dos moçambicanos (ainda que sejamos um povo multilinguístico). Cabe a cada um de nós exaltar esta herança linguística como forma de difundirmos o que nos une.

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