LUANDA — A língua portuguesa está ser descolonizada através da sua mistura com línguas e culturas nos países africanos onde é o idioma oficial.
Este foi um dos temas abordado num encontro por plataformas digitais realizado em Angola.
O “Nkodya dya Mpangu”: Encontro de Línguas, Artes e Pensamento” foi o tema central da II “Mukanesa” sobre “Rítmos e Travessias Actantes nas Línguas e Artes”, realizada pelo CELA-Centros de Estudos Literários Angolanos, com o objectivo de promover uma discussão abrangente em torno das línguas e das literaturas de expressão portuguesa de origem africana, assim como a sua relação com os territórios.
O Escritor e Ensaísta José Venâncio reflectindo sobre as “línguas, territórios e contemporaneidades”, falou sobre a relação entre a literatura e as línguas locais.
“Nos países africanos que têm a Língua Portuguesa como a língua oficial, a maioria da literatura está expressa numa língua que já não é da colonização e está apropriada por várias outras variantes mais nacionalizadas ao território onde elas existem”, disse.
Amálio Pinheiro, Poeta, Tradutor e Pesquisador defende que a função social necessária para o escritor é escrever com qualidade a sua realidade social pelo que “a apropriação mestiça de línguas diversas é importante, porque ela mobiliza todos e não exclui ninguém”.
A multiplicidade de lugares em construção discursiva e tradutórias, focando também às questões de género e de raças e a diversidade também foi debatida do ponto de vista dos criadores de textos literários bem como da pesquisa sobre a interculturalidade das tramas criativas e inventivos.
O Linguista e Pesquisador, Mbiavanga Fernando, questionou sobre os problemas que a literatura angolana pode responder, tendo em conta a multiplicidade cultural do povo que habita o território chamado Angola, com modos de vida e de ver a sociedade muito próprio de cada um.
De acordo com o porta-voz, Abreu Paxe, o evento foi realizado no âmbito das comemorações do Dia Internacional do Escritor africano, celebrado a 7 de Novembro.
“Como a partir do próximo ano se começa a comemorar a década das línguas maternas, então o CELA está a alinhar-se a este objectivo, trazendo à liça a discussão sobre a forma como as línguas maternas, as línguas nacionais entram no rol daquilo que nós precisamos reter como forma de nós pensarmos de a reter e reflectir”, disse.
Realizado por meio das plataformas digitais, o encontro trouxe em reflexão aspectos ligados à língua e à cultura africana de forma geral, e angolana em particular, tendo congregado escritores de vários pontos do globo entre brasileiros, portugueses, cabo-verdianos, moçambicanos e outros.
Compreender a sensibilidade que os textos dos escritores angolanos trazem por via dos diferentes temas que atravessam os painéis, bem como promover as pesquisas linguísticas desenvolvidas para valorização da língua e da literatura angolana foi outro objectivo deste certame, segundo referiu Abreu Paxe, Curador e Porta-voz da “Mukanesa.”
Fonte: VOA
Bom dia. Com muita satisfação li essa reportagem, pois coincidiu com um conteúdo que estou trabalhando com as turmas de terceira série do Ensino Médio, aqui em Fátima, Bahia. Trata-se de Literatura Africana em Língua Portuguesa. Já baixei esse texto e vou socializar com as classes.
Espero um dia ser professor de Literatura Brasileira em terras africanas, especialmente onde nosso idioma seja o oficial.
Vida longa ao IILP.