MORREU MALACA CASTELEIRO, O “PAI” DO ACORDO ORTOGRÁFICO

Adoentado há vários meses, o professor e linguista Malaca Casteleiro faleceu na sexta-feira, aos 83 anos, mas apenas este domingo a família confirmou o óbito. O seu contributo para a elaboração do tratado da língua foi decisivo e levou a que fosse apelidado de “pai do Acordo Ortográfico”.

A participação decisiva no controverso tratado de revisão da língua portuguesa tornou obrigatória, nas últimas décadas, a associação do nome de Malaca Casteleiro ao Acordo Ortográfico. Mas o currículo deste professor, investigador e linguista foi muito mais extenso e valioso, de que é exemplo o Grande Prémio Internacional de Linguística Luís Miguel Cintra, que recebeu em 1981.

Natural da freguesia de Teixoso, na Covilhã, Malaca Casteleiro viria a licenciar-se em Filologia Românica em 1961 pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O doutoramento aconteceu 18 anos depois na mesma universidade, com uma dissertação em sintaxe da língua portuguesa. Professor catedrático desde 1981, lecionou e coordenou a cadeira de sintaxe e semântica do português, no âmbito da licenciatura.

A sua atividade não se limitou ao ensino. Além de ter publicado, desde 1961, dezenas de livros sobre linguística e didática, dirigiu o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, foi conselheiro do Instituto Nacional de Investigação Científica e presidiu ao Conselho Científico da Faculdade entre 1984 e 1987.

Entre os muitos cargos que ocupou, destaca-se o de presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa, instituição de que foi membro desde 1979. Foi nesss qualidade que representou a Academia no Encontro de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado no Rio de Janeiro, em 1986, Dessa reunião resultaram as bases do que viria a ser o Acordo Ortográfico de 1990, firmado nesse ano, em Lisboa

Com a assinatura do tratado, vieram também as controvérsias, que se prolongaram até ao presente. Desde então, grande parte das intervenções do especialista foram no sentido de defender o acordo das críticas violentas que recebeu. Até à última, rejeitou a possibilidade de recuo, argumentando que as desvantagens que daí adviriam seriam muito superiores às vantagens, Enquanto a própria Academia das Ciências viria a reconhecer mais tarde a necessidade de aperfeiçoamento, Malaca Casteleiro defendeu a sua “dama” sempre.

Em outubro passado, numa reunião do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa,realizada no Porto com a presença de outros especialistas brasileiros, defendeu que uma eventual revogação do tratado seria “uma traição” às novas gerações que já aprenderam a ler e a escrever de acordo com as novas regras.


Fonte: J.N

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