
As portas ficaram abertas para o público, com apresentações de música e homenagens a autores renomados. Foram três dias para festejar o português.
O Museu da Língua Portuguesa fez uma série de eventos para celebrar o nosso idioma. As portas ficaram abertas para o público, com apresentações de música e homenagens a autores renomados. Foram três dias para festejar o português.
Pelos mesmos trilhos por onde chegaram os imigrantes que ajudaram a construir o país, a língua embarcou e se espalhou — uma língua cantada! O som produzido por músicos brasileiros e de outros lugares do mundo foi capaz de parar a agitada Estação da Luz, em São Paulo.
“Tô entendendo com o coração, com a alma”, diz vendedora de antiguidade Silvia Cabral.
O refugiado que veio de Angola também tem o português como idioma, mas a língua dos brasileiros toca diferente.
“Por exemplo, tô falando aqui contigo. Esse contigo é tipo, né? Meio musical… É essa diferença que eu me apaixonei muito com o português brasileiro”, conta Leonardo Matumona.
A língua cantada também é a língua falada, que tem como casa um museu, diferente, onde a obra não fica só parada para ser admirada. Afinal de contas, a fala está sempre em movimento, em construção. E a partir de uma letra que nasce uma das mais de 500 mil palavras que formam a língua portuguesa — uma língua que deve ser celebrada.
Por isso, a semana foi movimentada no Museu da Língua Portuguesa.
“Aqui nós temos milhares de diferenças regionais e também sociais. Tem as línguas das tribos, dos grupos. Toda essa variedade é só riqueza pra gente”, conta a curadora do Museu da Língua Portuguesa Isa Ferraz.
No ano do centenário do escritor português José Saramago, Nobel de Literatura, uma barca inflável lembrou o conto que fala de uma ilha desconhecida.
“Cada leitor entenderá de uma maneira, outro de outra. Essa é a pluralidade, a liberdade. E essa é a grande diferença de um autor deixar uma obra que pode ser lida em diferentes culturas e pessoas”, fala Pilar del Río, viúva de Saramago.
E o país de Saramago vai abrigar uma expansão do que temos por aqui. Foi selado neste sábado (7) o acordo entre a Fundação Roberto Marinho, a Secretaria Estadual de Cultura e a Câmara Municipal da cidade portuguesa de Coimbra para criar o Pólo europeu do Museu da Língua Portuguesa.
Mais de 260 milhões de pessoas falam português no mundo. Cada uma delas tem uma palavra preferida. Uma língua que também serve de abrigo. Foi quando aprendeu a primeira música em português que a refugiada palestina Oula Alsaghirse sentiu finalmente acolhida.
“Era música do Milton Nascimento ‘Encontros e Despedidas’. O significado dela me tocou bastante. que eu tô aqui como estrangeira, mas é o meu país onde eu estou. Aprendi isso e fiquei com muita força depois”, ressalta .
Fonte: G1