UNIVERSIDADE EGÍPCIA ABRE EDITAIS PARA PROFESSORES E PESQUISADORES ENSINAREM EM LÍNGUA PORTUGUESA

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Professores brasileiros estão pesquisando e dando aulas na Universidade de Assuã, no Egito, como parte de uma proposta da instituição de ter falantes do idioma português no ensino do curso de graduação em Língua Portuguesa. A primeira turma foi aberta em outubro de 2015 e os professores Wagner Rodrigues Silva, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Hérica Pinheiro, da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), e Maria Elaine Mendes, do Instituto Federal Goiano, estão entre os docentes.

Os editais para participar são abertos anualmente pelo Departamento de Língua Portuguesa da universidade. De acordo com o coordenador do Departamento, Maged ElGebaly, são selecionados professores para áreas como língua portuguesa, literatura, cultura ou história, segundo as necessidades do curso. No edital, é pedido que os candidatos tenham perfil de pesquisador.

Os brasileiros desenvolvem suas pesquisas, além de dar aulas em Assuã. Silva exercia a função de diretor de Pesquisa junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFT e também dava aulas na graduação e na pós-graduação. Um dos líderes do grupo Práticas de Linguagem da universidade do Tocantins, Silva pesquisa o impacto do trabalho escolar com a escrita na vida de alunos em diferentes níveis de escolarização. No Egito ele faz seu estágio de pós-doutorado e aprofunda o tema do letramento de alunos na graduação.

“Procuro desenvolver uma abordagem crítica do letramento para o ensino do português brasileiro como língua adicional, objetivando empoderar os alunos egípcios para as práticas sociais em torno da escrita, em domínios sociais diversos”, afirmou Silva à ANBA por e-mail sobre as aulas. A pesquisa é gerada nas aulas e também nas situações interativas da vida diária em Assuã, explica ele. A proposta tem como referência a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos e três dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, entre os quais a redução de desigualdade nos países e entre eles.

“As aulas de língua adicional, a partir da abordagem crítica do letramento implementada, podem se configurar como um espaço de integração das culturas egípcias e brasileiras e não como assimilação, ou seja, aculturação dos alunos, sobreposição da cultura brasileira à egípcia. Temos notas de relatos dos alunos explicitando o descobrimento de aspectos da própria cultura local a partir das atividades propostas em sala de aula em torno da aprendizagem”, diz.

Silva é formado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tem mestrado e doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado também na área pela The Hong Kong Polytechnic University (PolyU). O pós-doutorado cujo estágio é feito em Assuã é o segundo do profissional e será finalizado pela universidade egípcia. Na instituição, ele dá aulas de português para 27 alunos.

Hérica, da Unemat, dá aulas de história da literatura de língua portuguesa e de textos na Universidade de Assuã. A professora é graduada em Letras e mestre em Estudos Literários pela Unemat, este último oferecido em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP).

A brasileira já trabalhou com ensino de português no Timor-Leste. “Vislumbrei no edital da Universidade de Assuã a possibilidade de continuar meu projeto de pesquisa de doutorado sobre o ensino de literaturas de língua portuguesa para falantes de outras línguas”, diz. O projeto de doutorado é levado adiante com o professor ElGebaly e a professora Ana Arnaut, da Universidade de Coimbra, e envolve também a experiência no Timor Leste. Ela se formará no doutorado por estas duas instituições.

Nas aulas em Assuã, Hérica apresenta práticas de leitura de gêneros textuais literários a partir da teoria. O ponto de partida é o método Paulo Freire para desenvolvimento de pensamento crítico. Hérica afirma que a sua área de pesquisa, o ensino de literaturas de língua portuguesa para falantes de outras línguas, é um campo fértil para estudar as relações supranacionais e as formas de interação das diferentes culturas entre os países de língua portuguesa e árabes.

Fonte: ANBA – por Isaura Daniel

 

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